Cannabis Medicinal e Doenças Autoimunes

O Que são Doenças Autoimunes? 

As doenças autoimunes são causadas por ativação excessiva e inapropriada do  sistema imune. A base dessas doenças se dá pela ruptura da tolerância ao auto antígenos, ou seja, ausência de resposta do sistema imunológico a um antígeno. A  herança genética de genes suscetíveis com fatores ambientais, como infecções ou  danos teciduais, são fatores que levam à falha da auto tolerância. 

Estima-se que as doenças autoimunes atinjam cerca de 2% a 5% da população  em países em desenvolvimento, com aumento da incidência. São mais frequentes em  mulheres e possuem forte ligação hereditária.  

Entretanto, ainda não se sabe a especificidade do surgimento da fisiopatologia  das doenças autoimunes. Alguns estudos associam com estresses físicos e  psicológicos, que alteram funções hormonais e imunológicas, além da predisposição  genética.  

As doenças autoimunes humanas são divididas em dois grupos: 

a) Órgão-específicas: nas quais a autoagressão é dirigida a um órgão.  Exemplos: anemia hemolítica autoimune, doença de Grave, diabetes melitus tipo  I, esclerose múltipla, doença de Crohn, hepatite autoimune. 

b) Sistêmicas: nas quais a autoagressão é em auto antígenos ubiquitários e as  lesões tendem a comprometer vários órgãos. 

Exemplos: lúpus eritematosos, artrite reumatoide, esclerose sistêmica,  poliarterite nodosa. 

O diagnóstico é geralmente clínico, através da avaliação de exames de sangue  e de exames complementares como análise de anticorpos antinucleares. O tratamento  é feito com medicamentos imunossupressores, como os corticosteróides e em alguns  casos, plasmaferese e imunoglobulina intravenosa.

O Sistema Endocanabinóide e o Sistema Imune 

As células imunes expressam receptores CB1 e CB2 e podem sintetizar,  secretar, transportar e catabolizar canabinóides. Os canabinóides são responsáveis por  modular uma variedade de funções de células imunológicas em humanos e animais,  além de modular o desenvolvimento de células T auxiliares, quimiotaxia e  desenvolvimento de tumores.  

A expressão de receptores de canabinóides é diferente em cada célula  imunológica. Eles estão expressos, do mais abundante ao menos extenso, em células  B, células natural killer (NK), monócitos, neutrófilos, leucócitos CD8 e leucócitos CD4.  O nível de expressão também depende da estimulação imunológica e do estado de ativação da célula.  

Podemos, então, listar algumas funções dos canabinoides no sistema imune:

a) Indução da apoptose 

A anandamida mostrou induzir apoptose em células T induzida por mitógeno e  linfócitos humanos B, células CHP100 de neuroblastoma humano e em células do  linfoma U937, dependendo da dose. O Δ9-THC pode desencadear apoptose em  macrófagos murinos e Células T, através da regulação da atividade de BCl2 e caspase.  Canabinóides sintéticos (WIN) demonstrou a indução da apoptose em células  cancerígenas da próstata, em ratos. Além disso, a administração de antagonistas CB2  bloqueia a apoptose induzida por Δ9-THC em linfócitos e timócitos, enquanto os  antagonistas CB1 não conseguiram mostrar um efeito significativo, o que sugere que  Δ9-THC induz apoptose via receptores CB2 receptores. Já o CBD mostrou induzir a  apoptose de maneira dependente do tempo e da dose em células T CD4+ e CD8+,  através da produção de espécies reativas de oxigênio e ativação de caspases. 

b) Inibição da proliferação de células imunes 

Enquanto baixas doses de Δ9-THC estimulam células T, altas doses de Δ9-THC  gera uma resposta inibitória a LPS, mitógenos de células T e anticorpo anti-CD3 em  humanos e ratos, como mostraram estudos em vitro. Esse papel duplo do THC também  é visto em células B. 

c) Inibição da produção de citocinas e quimiocinas e da migração de células  inflamatória 

O CBD inibe IL1, IL12, TNF alfa e interfero-gama, liberação de citocina pelas  células mononucleares do sangue periférico e aumenta a produção das citocinas  associadas a Th2, IL-4 e IL-10 e reduz a atividade da prostaglandina E2 e da COX. O  THC também altera a imunidade TH1 destrutiva para imunidade TH2 protetora, mas  menos eficaz que o CBD.  

Os canabinóides podem regular a diferenciação de monócitos para macrófagos  M1 ou macrófagos M2, bem como a capacidade dos monócitos em produzir citocinas,  quimiocinas e outros mediadores imunológicos. Eles também podem inibir a migração  de monócitos em indivíduos expostos à cannabis mais de duas vezes por semana,  enquanto eles não mostram o mesmo comportamento naqueles indivíduos que nunca  experimentaram ou não foram expostos nos últimos 3 anos. O curioso é que o estudo que mostrou isso também descobriu que endocanabinóides e canabinóides sintéticos  não tiveram efeito em ambos os grupos. 

O Δ9-THC também demonstrou ter efeitos imunossupressores em Legionella pneumophila (Lp) em células dendríticas infectadas. Quando essas células  foram pré-tratadas com Δ9-THC, o potencial de imunização das células carregadas com  Lp foi reduzido juntamente com a produção de citocinas Th1. Δ9-THC suprimiu a  produção de IL-12p40 pelas células dendríticas e inibiu a expressão da maturação de  marcadores como MHCII, CD86 e CD40. 

d) Indução de células T regulatórias 

O THC pode aumentar o número de células T reguladoras, que leva as mesmas  a inibir as citocinas. Estudos em modelo murino de hepatite induzida pro ConA, o THC  foi capaz de aliviar o dano do fígado pelo aumento dos níveis de apoptose em células T  ativadas e indução das células T reguladoras.  

e) Outros efeitos 

Ligantes de receptor canabinóide podem suprimir de níveis séricos de  imunoglobulina, a disseminação e fagocitose, citólise, produção de citocinas e  apresentação de antígenos em camundongos. 

Ligantes de receptor de canabinoide podem suprimir a disseminação e fagocitose,  citólise, produção de citocinas e apresentação de antígeno em macrófagos peritoneais.  Eles também suprimem, in vivo e in vitro, células NK e funções efetoras citotóxicas. 

Ainda faltam mais estudos em humanos para validar os estudos até agora feitos  e discutidos. Entretanto, os canabinóides demonstraram importante papel  imunomodulador nas pesquisas feitas. Em concentrações ideais, os canabinóides  podem combater a inflamação aguda e crônica, o que pode ser benéfico para tratamento  de doenças autoimunes. 

Tratamento com Canabinóides em Doenças Autoimunes 

Como já visto anteriormente, os canabinóides têm importante efeito no sistema  imune. Podemos destacar os três principais canabinóides e suas funções 

O THC atua:  

● células dendríticas, suprimindo a produção IL 12, inibindo a expressão de  marcadores de maturação (MCH11, CD86 e CD40). 

● nas células B, induzindo a apoptose, diminuindo sua proliferação, além de  diminuir os níveis de produção de IgG e IgM 

● nas células Th1 e Th2, suprimindo o primeiro e estimulando o segundo. ● nas células T, induzindo a apoptose, diminuindo sua proliferação e aumentando  os níveis de células T reguladoras 

● nos macrófagos, induzindo a apoptose. 

O CBD atua: 

● nas células T, induzindo a apoptose dos linfócitos CD4+ e CD8+ ● nas células Th1, inibindo a liberação de IL1, IL12, TNF alfa e ING-g ● nas células Th2, promovendo a produção de IL4 e IL10 

A anandamida atua: 

● nas células B, induzindo a apoptose

● deprimindo o sistema imune 

● nas células T, induzindo a apoptose 

Assim, podemos aprofundar o efeito dos canabinóides em algumas doenças  autoimunes. 

a) Esclerose múltipla 

A Esclerose Múltipla (EM) é uma deficiência neurológica com prevalência de 50  a 200 pessoas a cada 100.000. É uma doença desmielinizante inflamatória crônica do  sistema nervoso central, manifestada morfologicamente por inflamação,  desmielinização, perda axonal e gliose, levando a uma ampla gama de deficiência  funcionais, como a espasticidade, sintoma mais comum. O processo inflamatório da  doença inclui a ativação de macrófagos e a produção de citocinas.  

Existem dados suficientes que comprovem o tratamento eficaz de canabinóides  em pacientes com EM. O THC comprovou melhora sintomática na espasticidade e na  dor. Num estudo randomizado, duplo cedo, placebo controlado e cross over, Conte  investigou o efeito do THC + CDB em 17 pacientes com EM, e observou que os  canabinóides induziram mudanças na modulação nociceptiva nesses pacientes.  Estudos semelhantes foram realizados por Notcutt e Collin, que chegaram à conclusão  que o Sativex, um composto de THC + CBD, apresentou melhoras nos sintomas da EM.  Entretanto, esses estudos foram financiados por uma empresa farmacêutica e devemos  tomar cuidado quanto aos interesses envolvidos, apesar de que todos foram realizados  em universidades renomadas e publicados em bancos de dados confiáveis. 

b) Artrite reumatóide  

A artrite reumatóide é uma doença articular caracterizada por processos  inflamatórios e degenerativos, com degradação da cartilagem. É induzida por um  aumento da produção de citocinas inflamatórias, particularmente IL1 e TNF alfa,  produzidos pelos condrócitos e células sinoviais, com consequente aumento de  metaloproteinases responsáveis pela destruição da cartilagem. 

Os estudos em humanos ainda são escassos e aparecem contradições. Blake,  em Oxford, realizou um estudo placebo randomizado, duplo cego e grupo paralelo com  58 pacientes com AR tratados com Sativex, concluindo que os canabinóides  apresentaram efeito analgésico e de supressão da atividade da doença.  

Não há ensaios clínicos randomizados (RCTs) de outros medicamentos à base  de cannabis disponíveis. Entretanto, os efeitos antiinflamatórios dos canabinóides foram  mostrados em modelos animais de artrite. De acordo com estudos in vitro, os  canabinóides reduzem produção de citocinas por fibroblastos de RA, bem como a  liberação de metaloproteinases de matriz. 

c) Diabetes tipo I 

No diabetes mellitus tipo 1, as células B pancreáticas produtoras de insulina são  destruídas, muito provavelmente, mediada por linfócitos T CD4 Th1 e CD8. Durante a  inflamação, as células são infiltradas por monócitos, especialmente linfócitos.  

Foi sugerido que o canabidiol poderia ter um papel na prevenção de diabetes  tipo 1 humano. No entanto, depende do mecanismo do propriedades anti-autoimunes  desta molécula. A questão principal é determinar se é um agente imunossupressor  inespecífico ou se ele atua em Th1 inibindo a liberação de IL1, IL12, TNF alfa e ING-g.  Se for um mecanismo de imunossupressão inespecífico, requer tratamento para toda a  vida. Uma terapia de longo prazo causa substancial riscos potenciais, incluindo possível  aumento da suscetibilidade a lesões oportunistas e aumento do risco de malignidade. A diabetes também tem consequências a longo prazo, mas podem ser reduzidas com  terapia intensiva de insulina destinada a normalizar os níveis de glicose, o que indica  que a terapia canabinoide precisa ser avaliada antes de ser usada em humanos. Por  outro lado, se o canabidiol está causando o desvio de Th1 para Th2, isso indica que a  terapia pode prevenir diabetes no início, antes da destruição completa das células beta,  e talvez em pacientes de alto risco. Uma vez que a resposta automática é desviada de  uma resposta Th1 destrutiva a uma resposta Th2 protetora, uma terapia com canabidiol  não é mais necessária, eliminando a preocupação com relação a um longo prazo de  problemas de segurança. 

d) Doenças inflamatórias intestinais 

A doença inflamatória intestinal (DII) é uma condição crônica resultante da  ativação imune inadequada da mucosa. As doenças principais são a doença de Crohn  e a colite ulcerativa. A distinção entre elas é baseada, em grande parte, na distribuição  de locais afetados e na expressão morfológica da doença nesses locais. A colite  ulcerativa está limitada ao cólon e reto, e estende-se apenas na mucosa e submucosa.  Já a doença de Crohn pode envolver qualquer área do trato gastrointestinal e,  frequentemente, é transmural. 

Os receptores de canabinóides são expressos diferencialmente na DII, indicando  um papel regulador de canabidiol no progresso da doença. A anandamida e sua enzima  sintetizadora são diminuídas na colite ulcerativa, e a expressão de receptores CB2 e de  enzimas responsáveis pela síntese e degradação de 2-araquidonoilglicerol são  aumentadas. Isso sugere que os canabinóides podem melhorar a DII. Além disso,  existem receptores CB1 e CB2 localizados no epitélio do cólon, então canabinóides  podem melhorar o fechamento da ferida epitelial no cólon.

A ativação de CB2 também leva à apoptose e diminuição da proliferação de  células T na colite, e diminui o recrutamento de neutrófilos, células T e macrófagos para  o cólon inflamado. 

Em um estudo prospectivo controlado por placebo com 21 pacientes com doença  de Crohn 21, a cannabis induziu remissão clínica em 50% dos pacientes. 80% dos  participantes não apresentaram resposta ou intolerância aos anti-TNFalfa. Embora a  melhora tenha sido apenas sintomática, sem indução de remissão em comparação com  o placebo. Com a terapia com cannabis, as recaídas foram notadas em 2 semanas.  Outro estudo de coorte de pacientes com DII que usam cannabis também relatou que  os pacientes perceberam melhoras na dor abdominal. Pacientes com colite ulcerativa,  em particular, relataram que a cannabis melhora a diarreia. Em outro estudo  observacional, desta vez com 30 pacientes com a doença de Crohn, a cannabis  medicinal foi associada à melhora na atividade da doença e à redução no uso de outros  medicamentos. 

Conclusão 

O sistema imune está intimamente relacionado com o sistema endocanabinóide,  uma vez que células imunes expressam receptores CB1 e CB2 e participam da fisiologia  e metabolismo dos canabinóides. Estudos in vivo e in vitro mostraram a atividade  imunossupressora dos canabinóides por meio da apoptose, inibição da proliferação  celular, inibição de citocinas e quimiocinas e indução de células T reguladoras. O THC  é o que apresenta maior papel na supressão imune, podendo modular o equilíbrio  Th1/Th2, aumentando Th2 e suprimindo Th1. Já o CBD é mais utilizado para amenizar  os efeitos colaterais psicoativos do THC, mas também induz a apoptose de linfócitos  CD4+ e CD8+ e participa da estimulação de citocinas de Th2 e inibição de Th1. 

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